terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A estrada, sedentária estrada, que me levava da rua para casa todas as noites, naquele dia mudou de lugar.
Esqueci o próximo passo e parei, esperei, respirei e por fim esqueci o tempo, ele não se importava.
Me acalmei.
Aquele olhar ainda queimava e as palavras não me protegiam mais, mas tive paciência, nada me machucaria. "Já virei muitas ruas, já virei muitos copos, já virei a cabeça e sempre cheguei onde queria, embora cada vez menos salvo".
Algo me dizia que a próxima surpresa seria boa.
Decidi agir, mais um passo e.............uma caveira! A primeira coisa que me viu! E que eu vi! E essa eu conhecia!
Posso explicar: Numa noite há algum tempo, fui presenteado por esta caveirinha que plantou em minha cabeça, dentre muitas dúvidas, aquela que mudou a minha vida. 
Até hoje não sei o que ela viu quando olhou as profundas órbitas e o que se revelou em sua apimentada escuridão a ponto de destilar tanta vontade e condenar o meu coração. Acho que foram as cores, ou a experiência, talvez o peso de uma vida trazido em festa pelos amigos e distribuído em palavras de sorte, da noite para o dia. Na verdade não sei o que foi, só sei que ela viu algo e preferiu nada revelar, naquele instante, para garantir o reencontro ou um par vazio para acompanhar sua empoeirada existência.
No fim de tudo - eu decidi - só vou pedir uma linda caveirinha, como aquela que conheci, para dividir comigo o tempo gasto no funesto retorno ao centro de tudo. E, talvez o centro de tudo seja em alguma esquina e nós possamos presentear uma jovem alma com um belo passeio pela vida, um passeio demorado e intenso (como deve sempre ser).
Seria muita sorte, e outro grande presente.

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