terça-feira, 25 de setembro de 2012

desnecessário mover dedos ou mover
outras peças num dia de merda o que
eu gosto é de encarar caras e olhos
surpresos de gente parada enquanto
olham pra alguma coisa interessante
atrás de mim

como um galho de pinheiro cortado pelo
funcionário da prefeitura

a aglomeração ganha sentido e
o ônibus não passa e
levam outro galho pro caminhão e
os dedos continuam imóveis e
o cara de óculos deve ser o chefe e
todos esperam um acidente e
eu vejo o calor subir do chão e
as peças não se mexem e
as pessoas também não
e pra minha felicidade
caras e olhos encaram algo
atrás de mim

é aquela coisa interessante
que eu nunca vi

como um funcionário da prefeitura
cortando um galho de pinheiro

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

o próximo passo é uma surpresa ou
uma cara de surpresa
ou muitas delas na verdade e um silêncio
impaciente que
não pára
pra tomar fôlego

na próxima vez eu escolho e
espero que a noite passe reto
ou que passe o dia
mesmo que só a metade
em algum lugar lá fora

e um momento pra consultar
relevo e altura ainda
importa

e uma pergunta também
mas não agora

e isso: mais alta
quase sempre
sempre lá

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

bata e corra frente a frente com todo mundo nem
parece um desabafo bem pesado e bem certeiro no meio
dessa caixa ocidental
sem tampa
aqui

sem tampa e sem prazo pra
continuar limpa
e aberta

o que vale é o sinal pegando bem
e alguns gostos diferentes bem
arranjados por sei lá o que
pra ajudar na criação

continua sendo minha
a resposta
só que
não alcanço
ela

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

primeiro mundo com fiação
elétrica subterrânea e mosquitos
que dormem o suficiente pro sangue
secar

qualidade de vida medida no
olhar e no comprimento das ruas
cada vez menores à medida que os
olhos fecham

mais um passo e ela fica lá atrás a uma
distância incalculavelmente escura e sem
fios pra desocupar

é lá que o meu sangue seca

bem longe daqui

em algum lugar

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

um telefone e uma caneca
com alguma coisa molhada nela
paz e botões são relances frios e
iluminados até que a tela se apaga

é importante provar ou
não uma irrelevância derramada
e tenho quase certeza que bebida
mas

quando a memória falha
nada é confiável
e qualquer possibilidade
tem gosto de chance perdida