segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ser pequeno como o último
degrau da escada

um pedaço nunca pareceu tanto um pedaço
principalmente lá em cima
uma casa nunca pareceu tanto uma casa
com teto e polícia
que parecia só polícia
e proteção iluminando a
rua vermelha e quente como
o último passo em
segredo

uma palavra nunca pareceu tanto
uma palavra
tua

mas era minha

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

foi difícil mas
deu pra atender o
pedido dela

dá um sorriso
com a cabeça
erguida e fica nessa
posição que eu
vou jogar uma
gota de seiva em ti
e te levar pra casa

dourada pra sempre
lá dentro
ela sorri do mesmo
jeito vendo tudo
em cor de ouro
pra sempre
lá fora

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

na placa eu via procura-se fr nt st
mas eu lia frentista mesmo
e aquilo era opção
no chão com as vogais de plástico adesivo
amassadas sem utilidade

e com a estopa quase limpa
de dar pena e orgulho

pensando bem
é uma opção

parece que o cara da loja
de conveniência é escritor
ele trabalha na merda do caixa
da loja de conveniência de uma merda de posto
que só vende bebidas
bom ele consegue sobreviver
tem gente que escreve também
e não tem nada pra mostrar
e não tem um emprego
nem uma cara feliz
como o escritor-caixa

por sinal
ele deve ser bom nisso

pensando bem
sem opção mesmo

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

tenho que descer
pra levar o lixo
pra fora
mas não
te preocupa
que ele

volta

terça-feira, 2 de outubro de 2012

entidade
paz estranha
sentada na minha frente

eu sei lá o que ela quer
eu não entendo
ela tem um jeito difícil de falar
que contrai a minha paciência
e que quase dói de verdade
que levanta um pé de cada
vez contando quem
pisou mais
em quem

estranha sentada
pacífica no outro lado

dá pra ver que ela não é
mais a mesma desde
que chegou aqui e sentou
ela não nega nada
nem precisa e é quase
certo que
não sobrou nenhuma outra
pergunta sem resposta pra fazer