terça-feira, 3 de março de 2015

corri pra ela
ela correu pra mim
um choque sem terra
fez-se então o universo
prédios se ergueram
e o farolete
galeão dourado
acendeu o chão
que nem o mar
ousou varrer

caixa das almas
chifres das vozes
asas dos ossos
pairando entre o centro
e o que nem a noite
sonhou entender

domingo, 21 de dezembro de 2014

eu vou falar
com uma piscada

vou bater uma espada
com meu martelo
e alma fechada

atravessando a mente e o peito
do lado esquerdo até o direito

até ser luz apagada

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

porta de dezembro
no horizonte

num fim de corredor
de prédios enrolados
em seda branca

cigarros jogados
na calçada lutando
com a chuva até o
último ponto de calor

o último bater
de coração
passa pelo universo
passa por um organismo
numa rocha vagando nele
passa por uma célula
a vida

passa então uma estrela
lá em cima

e a verdade
escreve a fórmula
e angula lupas
e acerta o meio
da fechadura
com o meio do olho

e espia outro universo

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

rejeitado pela fumaça
o incenso apaga

se escrever
me salva que
me salve agora
no meu quarto
com a madrugada
subindo pela
janela e me
expulsando
daqui

vizinho empresta
o olho pra ela
vigiar



deus falou comigo
do fundo de uma
tomada queimada

não quero nenhuma
certeza na
na vida mas sei que
cheirei o cheiro de
queimado da manta
de deus agarrando
aquele fio

com a mente rendida segurando
com medo e com a mão
até

sentar todas as minhas merdas
naquela cadeira elétrica de duzentos
e vinte volts e dois pinos

foi como fazer contato
sabe?

e senti que ele existiu uns dois segundos
na minha frente

tocando a ponta da flecha
e sussurrando pelo
rádio desligado

quarta-feira, 4 de setembro de 2013