quarta-feira, 9 de maio de 2012

Caso de liberdade I

Os escravos observaram
os próprios reflexos
nas vitrines das lojas
que passavam do lado de fora,
então veio o pensamento
de que cada um era fruto
da mesma troca.
O ônibus parou,
todos rasgaram
os contratos,
cortando com cuidado
as digitais impressas
sobre as letras miúdas.
A parte que se libertou
ficou olhando
de longe a multidão
que se reunia todos os dias
nesse mesmo lugar, entre
o caminho da casa, da igreja e do trabalho,
cuidando para não pisar
em nenhuma das pragas
que corriam entre os pés inchados
pelo esforço repetido.
Agora todos eram livres,
mas ainda sentiam
um pequeno incômodo quando
observavam seus rostos desconhecidos
sorrindo e refletindo
entre os cartazes de promoções.

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